• +244 942 839 083
  • electroforce@electroforce.gcc.co.ao

Barragem de Lomaum aumenta oferta de energia para indústria e habitação

A entrada em funcionamento desta barragem constitui um ganho económico e social para a população da província e para os mais de 92 mil clientes controlados pela Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE), que viram as restrições no fornecimento reduzidas.

O fornecimento de energia a partir de Lomaum é igualmente um motivo de satisfação e alento para os empreendedores dos sectores industriais e habitacionais em expansão, que pretendam fazer de Benguela o destino dos seus investimentos.

A maior barragem da província de Benguela, construída em 1959, com uma altura de 20 metros e 250 metros de comprimento, paralisou a actividade em 1984, resultado da destruição pela guerra de grande parte das suas infra-estruturas.

No âmbito do programa do Executivo de aumento da oferta de energia eléctrica no país e melhoria das condições de vida da população, e quadro das reformas em curso no Sector Eléctrico, em 2009 iniciou o ambicioso programa de reabilitação, ampliação e modernização de Lomaum, com base numa parceria público-privada com a empresa Kanazuro Electric S.A, que obteve a concessão para investir na recuperação total e explorá-lo por um período de 20 anos.
 
O complexo hidroeléctrico, que antes da reabilitação tinha uma capacidade instalada de 35 megawatts, possui uma casa de máquinas com quadro e turbinas do tipo Francis Vertical, sendo dois grupos geradores de 15 megawatts (MW) e dois de 10 megawatts, totalizando 50 MW. No futuro, a essa potência instalada serão adicionadas mais 15 megawatts.

A central eléctrica dispõe de uma subestação a céu aberto de 220 kilovolts, com dois transformadores de 40 MVA cada. Para escoar a energia até à subestação do Biópio, foi construída uma linha de transporte de 220 kilovolts, numa extensão de 89,4 quilómetros.

Encastrada entre as enormes rochas que configuram a região montanhosa do Cubal, a mil e 66 metros de altura acima do nível médio das águas do mar, a barragem de Lomaum, no Rio Catumbela, dispõe de um caudal máximo de 32,8 metros cúbicos.

Conta com uma queda bruta máxima de 189,1 metros e mínima de 167,5 metro, permitindo deste modo que, com 0,6 metro cúbicos de água, se possa turbinar um megawatt de energia eléctrica.
 
Aumento da potência e formação de quadros angolanos para Lomaum

Dadas as necessidades de consumo, tendo em conta o surgimento de novos projectos industriais e o crescimento das cidades em Benguela, a Kanazuro Electric poderá, no médio e longo prazos, construir a barragem de Cacombo, a montante de Lomaum, segundo conta a jornalistas o representante da empresa, Rocha Francisco Domingos, durante uma visita guiada ao complexo hidroeléctrico.

Segundo Rocha Domingos, a barragem de Cacombo vai reter uma maior quantidade de água e regularizar o caudal do Rio Catumbela, facto que permitirá instalar a quinta turbina na central eléctrica de Lomaum, com capacidade para 15 megawatts, elevando assim a potência total para 65 megawatts.

Relativamente à integração de quadros angolanos no empreendimento, o engenheiro disse à imprensa que a reabilitação foi feita com base numa parceria “chave na mão” com a empresa chinesa GHCB, cujos técnicos controlam, nesta etapa inicial, o funcionamento da barragem.

O responsável explica que está em curso a formação de 28 jovens angolanos, recrutados nas escolas técnico-profissionais de Luanda e Bengo, e estão em formação no Centro da Kanazuro, localizado nas Mabubas, província do Bengo.

Segundo ele, esse curso de operadores angolanos vai terminar a 20 Dezembro próximo e tão logo finde 14 operadores Kanazuro poderão começar a trabalhar na barragem.

Além dos 28 jovens em formação, a Kanazuro, de acordo com Rocha Domingos, vai fazer o recrutamento de outros das escolas do município do Cubal e arredores, com o propósito de serem os futuros gestores deste empreendimento, que veio reduzir o défice de produção de energia em Benguela e a consequente estabilidade do sistema.

Lomaum dá estabilidade ao sistema eléctrico de Benguela

Os investimentos no sector eléctrico nem sempre conseguiram acompanhar o crescimento demográfico, habitacional e industrial da província de Benguela, daí que antes da entrada em funcionamento de Lomaum, a ponta máxima (consumo) andava já à volta de 100 a 120 megawatts, quando a disponível era apenas de 90 megawatts, situação que obrigava a fazer muitas restrições no fornecimento de energia, na rede de média e baixa tensão.

Hoje, de acordo com Hélio de Almeida, chefe de departamento técnico da ENDE em Benguela, que falava à ANGOP, Rádio Nacional, TV Zimbo e TPA, com Lomaum em funcionamento, o cenário é completamente diferente, pois a potência disponível anda à volta de 130 a 140 megawatts, muito próxima da potência de consumo que anda à volta de 150 megawatts.

O engenheiro destaca os ganhos do investimento feito na reabilitação da barragem, porque Lomaum veio acompanhado de outros projectos, como a construção da subestação de Benguela Sul de 220 KV/60/30 KV, que depois vai dar origem a uma outra subestação para atender as zonas que até hoje ainda não beneficiam de energia eléctrica da rede.

Para que a energia de Lomaum possa ser bem explorada, Hélio de Almeida entende serem necessários mais investimentos no segmento de média e baixa tensão, para que ela chegue com qualidade e fiabilidade ao consumidor.

“Deve fazer-se o investimento nas redes de média e baixa tensão, para o fornecimento de energia aos outros bairros de Benguela, ou seja o investimento em Lomaum é um ganho, mas ele necessita estar acompanhado de outros investimentos na distribuição, para melhorar o fornecimento de energia”, disse.

Relativamente ao fornecimento de energia aos municípios do interior, a partir das barragens existentes (Lomaum e Biópio), o chefe de departamento esclarece que hoje a ENDE responde apenas pelo litoral (Benguela, Lobito, Catumbela e Baia Farta) da província, enquanto os municípios do interior são da responsabilidade das administrações municipais, mas, assegura que, dentro dos programas do sector eléctrico, a empresa vai chegar a esses locais nos próximos tempos.

Salientou que Lomaum mudou o curso de fornecimento de energia a Benguela, mas outros investimentos devem ser feitos no sistema de transporte e distribuição, para que o cliente possa sentir os efeitos reais desta barragem.

“As cidades estão sempre em crescimento. Lomaum foi feito e os investimentos devem continuar a seguir este crescimento das cidades. Falo de Ganda e Cubal, são cargas que vão surgir no futuro. Os investimentos devem continuar para dar uma resposta eficiente a esta procura”, frisou.

Em Benguela, revelou o responsável, a ENDE está a trabalhar para que até ao primeiro trimestre de 2016 possa atingir a cifra de 100 mil clientes.

Ganhos económicos e sociais

A reabilitação e a consequente entrada em funcionamento da barragem está a permitir a construção da estrada que liga à vila do Cubal ao Lomaum, numa extensão de 47 quilómetros, que está a ser intervencionada, e será asfaltada a breve trecho, para que os turistas possam chegar à localidade sem sobressaltos.

No âmbito da sua responsabilidade social em ver melhoradas as condições de vida das comunidades à volta do empreendimento, a empresa Kanazuro Electric construiu uma escola do primeiro ciclo com quatro salas de aulas, assim como reabilitou uma quadra desportiva.

A propósito da entrada em funcionamento da barragem, o administrador comunal de Tumbulo (localidade onde está implantada a barragem), Celestino Camati, mostrou-se satisfeito pela iniciativa da Kanazuro em investir na reabilitação e disse que é um dos ganhos da paz.

Com a barragem em funcionamento, segundo o administrador, estão lançadas as bases para a promoção do agro-negócio e a consequente criação de empregos para juventude.

Por outro lado, disse que estão criadas as condições para criação de mini-indústrias e reduzir o afluxo de jovens nos grandes centros urbanos.

Testemunho de um antigo funcionário da Hidro/ENE

Luciano Francisco Muacenha conta hoje com 79 anos de idade. Esse antigo funcionário da Hidro e depois da ENE (extinta Empresa Nacional de Electricidade) assistiu à construção da barragem, tendo depois ganho em 1961 ali mesmo o seu primeiro emprego.

Se por um lado teve o privilégio de presenciar a construção da barragem em 1959, por outro o ancião lembra que testemunhou em 1984 a destruição desta infra-estrutura durante o conflito armado.  

Esse antigo funcionário da ENE, que passou à reforma em 1995, recorda com nostalgia os momentos vividos enquanto trabalhador da barragem de Lomaum.

Agora sem força física e mental de outrora para continuar a dar o seu contributo na geração de energia eléctrica, Luciano Muacenha espera que os novos gestores da barragem empreguem os jovens da localidade.

Em Benguela, além de Lomaum, com os seus 50 megawatts, o sector eléctrico conta com a barragem do Biópio e a sua central térmica, assim como a central térmica da Quileva.

  • portalangop.co.ao
  • 20/11/2015
    • Angola
    • Energia Eléctrica
    • Energia
    • Barragem
    • Lomaum